A DESCOBERTA DOS PRIMEIROS ANFÍBIOS PEÇONHENTOS!

Animais peçonhentos têm toxinas associadas com mecanismos de inoculação, que podem introduzir as toxinas em outro animal, como as serpentes por exemplo. Já os sapos e rãs, são animais considerados venenosos, pois possuem glândulas produtoras de veneno.

Fonte da imagem: Renato Augusto Martins, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

VAMOS DESCOBRIR...


Uma equipe de cientistas fez uma descoberta surpreendente cerca de duas espécies previamente conhecidas de rãs do Brasil, que são extremamente venenosas, mas também tem uma arma capaz de inocular este veneno potente.

Anfíbios venenosos e anfíbios peçonhentos


Embora a maioria das espécies de anfíbios produzem ou expelem secreções nocivas ou tóxicas das suas glândulas da pele, chamadas glândulas parotoide, para usar como mecanismos de anti-predação, que são consideradas venenosas em vez de peçonhentas, porque os mecanismos de inoculação estão ausentes.

Os sapos em questão, por exemplo o sapo-de-Greening (Corythomantis greeningi) e o sapo-com-cabeça-de-casca (Aparasphenodon brunoi,), produzem toxinas potentes e também tem um mecanismo para inoculação dessas secreções nocivas para outro animal usando espinhas ósseas em suas cabeças.

"A descoberta de uma rã venenosa verdadeiramente é nada que qualquer de nós esperava, e encontrar sapos com secreções da pele mais venenosas do que os das jararacas mortais do gênero Bothrops foi surpreendente," disse o Dr. Edmund Brodie, Jr. de Utah State University, uma equipe membro e um co-autor do estudo publicado na revista Current Biology.

A rã-de-Greening (Corythomantis greeningi) e o sapo-cabeça-de-casca (Aparasphenodon brunoi)


A rã de Greening e o sapo-com-cabeça-de-casca, ambos foram conhecidos por muitas décadas, se não séculos. Mas os cientistas sabem pouco sobre a sua biologia. Os cálculos da equipe indicam que um único grama da secreção tóxica do Aparasphenodon brunoi seria suficiente para matar mais de 300.000 ratos ou cerca de 80 seres humanos.

"É improvável que uma rã desta espécie produz muito desta toxina, e apenas quantidades muito pequenas seria transferido para as espinhas numa ferida. Independentemente disso, nós não estão dispostos a testar isso, permitindo que um sapo nos espetem com seus espinhos ", disse o principal autor Dr. Carlos Jared do Instituto Butantan, em São Paulo, Brasil.


"A nova descoberta é importante para a compreensão da biologia dos anfíbios e suas interações com predadores na natureza", disseram os cientistas.

A PERERECA DA CAATINGA E SUA ARMA CONTRA PREDADORES


Algumas pererecas têm cabeça cascuda muito peculiar, apresentando a derme cutânea mineralizada e unida ao crânio, em um fenômeno conhecido como co-ossificação.

Esse tipo de cabeça co-ossificada geralmente está associado com a fragmose, um comportamento defensivo contra predadores e contra a perda d’água, no qual o animal entra em um buraco e o fecha com a cabeça, ali permanecendo às vezes por longo tempo.

Estudos morfológicos na espécie Corythomantis greeningi, uma perereca que habita o semiárido brasileiro, na caatinga, demonstraram que, além de co-ossificada, sua cabeça apresenta inúmeras ornamentações na forma de espículas ósseas, entremeadas com um grande número de glândulas cutâneas de veneno.

Apesar de exercer um papel na proteção contra perda d’água, nesse animal a co-ossificação tem uma importante função na proteção do anfíbio contra predadores.

A potência do veneno da perereca da caatinga


Estudos toxicológicos demonstraram também que o veneno secretado pelas glândulas da cabeça apresenta alto grau de letalidade em camundongos, com uma dose letal em torno de 70 ug, valor próximo ao da serpente jararaca (Bothrops jararaca).

Dessa forma, o predador, ao tentar morder a cabeça desse anfíbio, tem grande probabilidade de se ferir com as espículas ósseas presentes na derme. Além disso, ao ser pressionada pela mordida, a pele da cabeça libera o conteúdo das inúmeras glândulas venenosas em torno dessas espículas.

O veneno, auxiliado pelos ferimentos, penetra rapidamente pela mucosa oral do predador, caindo na circulação sanguínea e causando seu envenenamento.

Um tipo similar de defesa ocorre nas salamandras asiáticas do gênero Tylototriton. A espécie T. verrucosus, quando se sente ameaçada, estufa e enrijece o corpo fazendo com que as pontas das costelas perfurem acúmulos glandulares presentes nas laterais do corpo.

Assim, nesse animal, no caso de um ataque, as costelas, impregnadas de veneno, servem como poderosas armas que são, então, introduzidas na boca do predador.

Referências
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
Sites: Sci-News.com.

Não deixe de ver também mais sobre anfíbios:

Para finalizar veja um vídeo do canal SciNews, sobre The first venomous frogs - Aparasphenodon brunoi & Corythomantis greeningi:

2 comentários:

  1. Dificilmente se consegue ler o texto, devidos aos simbolos sobrepostod do lado esquerdo deste. Não entendi a razão, nem descobri forma de surgir i o texto livre.

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    1. Olá Joaquim,

      Que símbolos? Em nosso navegador não aparece. O texto aqui esta normal. Se puder mande um print da tela de seu computador e mande para nosso e-mail para corrigirmos: meiovidavida@gmail.com

      Agradecemos pelo comentário,

      Equipe BioOrbis.

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