A VELOCIDADE DO AR: DESCUBRA O PINGUIM IMPERADOR

Desengonçados em terra, mas ligeiros no mar. Os cientistas descobriram o segredo dessa agilidade, que é uma adaptação exclusiva.

Imagem de WikiImages por Pixabay 

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O IMPERADOR DO GELO, O PINGUIM-IMPERADOR


O Pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri) é a maior ave da família Spheniscidae. Os adultos podem medir até cerca de 1,22 metros de altura e pesar até 37 kg. Os machos desta espécie são um dos poucos animais que passam o inverno na Antártida.

O pinguim-imperador caracteriza-se pela sua plumagem multicolorida: cinza-azulado nas costas, branco em seu abdômen, preto na cabeça e barbatanas. Esta espécie apresenta também uma faixa alaranjada em torno dos ouvidos. Sua dieta baseia-se em pequenos peixes, krills e lulas, que pescam em profundidades de até 250 metros. O pinguim-imperador pode ficar submerso por cerca de vinte minutos sem respirar. Seus predadores naturais são as temidas orcas, as focas-leopardo e os tubarões.

O padrão reprodutivo é bastante característico. As fêmeas põem um único ovo entre os meses de maio/junho, no final do outono, que abandonam imediatamente para passar o inverno no mar. O ovo é incubado pelo macho durante cerca de 65 dias, que correspondem ao inverno antártico.

Para superar temperaturas de -40 °C e ventos de 200 km/h, os machos amontoam-se e passam a maior parte do tempo dormindo para poupar energia. Eles nunca abandonam o ovo, que congelaria, e sobrevivem à base da camada de gordura acumulada durante o verão. A fêmea substitui o macho apenas quando regressa no princípio da primavera. Se a cria choca antes do regresso da mãe, o macho do pinguim-imperador alimenta o filho com secreções de uma glândula especial existente no seu esôfago.

O PINGUIM IMPERADOR E SUA INCRÍVEL VELOCIDADE DO AR


O cientista Roger Hughes jamais observara as aves pinguins-imperador em condições naturais. Mas, quando os viu, em um documentário da BBC, em disparada pelo mar e produzindo uma esteira de bolhas, ele teve um estalo que o levaria a uma descoberta surpreendente. Biólogo marinho da Universidade Bangor, no norte do País de Gales, Hughes havia pouco tempo antes conversado com sua mulher sobre as propriedades lubrificantes dos novos trajes usados nas competições de natação. Ocorreu-lhe então que talvez aquelas bolhas tivessem algo a ver com a rapidez dos pinguins no mar.

Mais tarde, tomando cerveja em um pub, Hughes expôs a ideia e pediu a opinião de um amigo, o também biólogo John Davenport, que trabalha em outra universidade, a de Cork, na Irlanda. “Roger achou que eu poderia resolver a questão ali mesmo”, comenta Davenport, que estuda a relação entre as estruturas corporais dos animais e seus movimentos. Mas o fato é que ele não tinha a menor ideia de como funcionavam as bolhas no caso dos pinguins. E logo ficaria claro que ninguém sabia nada a respeito. Com a colaboração do engenheiro mecânico Poul Larsen, da Universidade Técnica da Dinamarca, os biólogos passaram horas analisando filmagens subaquáticas e descobriram que os pinguins faziam algo que há muito os engenheiros tentavam executar em barcos e torpedos: usavam o ar como lubrificante. Assim, reduziam o atrito com a água e aumentavam a velocidade.

Quando um pinguim-imperador nada no mar, ele é freado pelo atrito entre seu corpo e a água, o que restringe sua velocidade máxima a algo em torno de 1,2 e 2,7 metros por segundo. Todavia, em breves arrancadas, ele dobra ou mesmo triplica essa velocidade, o que só é possível porque libera o ar retido em suas penas sob a forma de bolhas minúsculas. Elas diminuem a densidade e a viscosidade da água em torno do corpo. Com isso, reduzem o arrasto e a ave alcança velocidades que de outro modo seriam impossíveis.

O elemento crucial está na penugem. Como outras aves, os pinguins-imperador têm a capacidade de afofar as penas e, assim, isolar termicamente seu corpo com uma camada de ar. Porém, enquanto a maioria das aves possui fileiras de penas que não cobrem toda a pele, esses pinguins contam com uma camada densa e uniforme. Além disso, como a base dessa penugem inclui filamentos minúsculos – com apenas 20 mícrons de diâmetro, menos da metade da espessura de um cabelo humano fino –, o ar fica retido em uma finíssima rede de penugens e pode ser liberado sob a forma de microbolhas.

Talvez a tecnologia esteja prestes a reproduzir esse efeito biológico. Em 2010, uma empresa holandesa passou a comercializar sistemas baseados em bolhas para a lubrificação de navios contêineres. Em 2011, a Mitsubishi anunciou um sistema similar para superpetroleiros. No entanto, até agora ninguém desenvolveu nada equivalente à habilidade dos pinguins.

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